quarta-feira, 28 de maio de 2008

Liberdade e Amor


"Liberdade é o espaço que a felicidade precisa..."
"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,
mas na intensidade com que acontecem.
Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
(Fernando Pessoa)


Amor Maduro
O amor maduro não é menor em intensidade. Ele é apenas quase
silencioso. Não é menor em extensão. É mais definido, colorido
e poetizado.

Não carece de demonstrações: presenteia com a verdade do sentimento.
Não precisa de presenças exigidas: amplia-se com as ausências
significantes.

O amor maduro
somente aceita viver os problemas da felicidade.
Problemas da felicidade são formas trabalhosas de construir o bem e o
prazer.

Problemas da infelicidade não interessam ao amor maduro.
O amor maduro cresce na verdade e se esconde a cada auto-ilusão.
Basta-se com o todo do pouco. Não precisa nem quer nada do
muito.

Está relacionado com a vida e a sua incompletude, por isso é pleno em
cada ninharia por ele transformada em paraíso. É feito de compreensão,
música e mistério. É a forma sublime de ser adulto e a forma adulta de
ser sublime e criança. O amor maduro não disputa, não cobra,
pouco
pergunta, menos quer saber.

Teme, sim. Porém, não faz do temor, argumento. Basta-se com a
própria existência. Alimenta-se do instante presente valorizado e
importante porque redentor de todos os equívocos do passado.

O amor maduro é a regeneração de cada erro. Ele é filho da capacidade
de crer e continuar, é o sentimento que se manteve mais forte
depois de
todas as ameaças, guerras ou inundações existenciais com epidemias de
ciúme.

O amor maduro é a valorização do melhor do outro e a relação com a
parte salva de cada pessoa. Ele vive do que não morreu mesmo tendo
ficado para depois.

Vive do que fermentou criando dimensões novas para sentimentos
antigos, jardins abandonados cheios de sementes. Ele não pede, tem.
Não reivindica, consegue. Não persegue, recebe.

Não exige, dá. Não pergunta, adivinha. Existe, para fazer feliz. Só teme
o que cansa, machuca ou
desgasta.

( Autor Artur da Távola )

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